PAULO JORGE LÚCIO
A EUCARISTIA, MISTÉRIO DA FÉ - Parte 3
Este é o fato: o Senhor mandou seus discípulos, isto é, a sua Igreja repetir esse seu gesto em sua memória. Obedecendo a ordem do Senhor -

Em nossa última reflexão sobre a "Eucaristia, mistério da fé", parte 2, abordamos a fala de Jesus no capítulo 6 do Evangelho de João: as promessas que o Senhor fez sobre "o pão que eu darei é a minha carne, para que o mundo tenha vida". E disse também: "Quem come a minha carne e bebe i meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia, porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele".
Vimos também que, ouvindo isto, alguns dos seus discípulos se escandalizaram e não quiseram mais segui-lo. Diante disso, Jesus perguntou aos demais: "Vós também quereis deixar-me?". Ouvindo isto, Pedro respondeu: "Senhor, a quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna; e nós cremos e conhecemos que tu és o Filho de Deus".
Na Última Ceia o Senhor tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: "Tomai e comei, isto é o meu corpo, partido por vós". De igual modo, após a ceia, tomou o cálice com vinho, e deu-lho dizendo: "este cálice é o novo testamento no meu sangue. Fazei isto em minha memória" (cf. Lucas 22, 19). Com estas palavras o Senhor instituiu, ao mesmo tempo, a Eucaristia e o sacerdócio, ordenando que este seu gesto de entrega fosse perpetuamente repetido na Igreja, entre os seus discípulos (cf. definição dogmática do Concílio de Trento - DS, 1752 [9491]).
Este é o fato: o Senhor mandou seus discípulos, isto é, a sua Igreja repetir esse seu gesto em sua memória. Obedecendo a ordem do Senhor - "fazei isto em minha memória" - é o que a Igreja faz, e fará sempre, até o final dos tempos. Isto é a Eucaristia do Senhor.
Na Igreja primitiva, conforme relatos do livro Atos dos Apóstolos e da Primeira Carta aos Corintios 11, esta ordem de Jesus era repetida dentro das famílias, onde o pão era partido nas casas (Atos 2, 42-46).
Também há relatos do apóstolo são Paulo, em que o vemos celebrando a Eucaristia do Senhor. Por exemplo em 1 Cor 11, 23-29 ele diz: "Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e tendo dado graças, partiu-o e disse: 'Tomai e comei, isto é o meu corpo que é partido por vós. Fazei isto em minha memória'. De modo semelhante, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: 'Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim'.
Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.
Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque quem come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor".
Em outro momento (livro dos Atos 20, 9-12), O apóstolo Paulo ressuscita um moço que caiu da janela no 3°andar, enquanto o apóstolo pregava um longo sermão. O moço, sentado à janela, dormiu e caiu, morrendo em seguida. O Apóstolo são Paulo desceu até onde o moço estava e constatou sua morte. Porém disse para ninguém se alarmar, que o moço apenas dormia. E o ressuscitou. Em seguida, o Apóstolo tornou a subir ao 3° andar, dando continuidade ao que estava fazendo, isto é, em oração, pregando e partindo o pão eucarístico, que é a nomenclatura usada na época para designar a celebração eucarística.
Este é outro fato registrado no livro Atos dos Apóstolos, comprovando o costume da Igreja primitiva de "partir o pão" em cumprimento daquilo que Jesus mandou na Última Ceia: "fazei isto em minha memória".
Hoje fico por aqui. Acredito que já temos a base bíblica para, na próxima reflexão, entrarmos diretamente no rito ou ritual da Celebração Eucarística, que chamamos de Missa, a principal e mais importante cerimônia litúrgica da Igreja. Então, a partir da próxima reflexão, proponho ver junto com vocês o rito litúrgico da Missa, parte por parte, para que, na medida em que entendemos melhor cada parte podemos participar e colher os frutos e os benefícios que Deus tem preparado para nós.
Até a próxima, se Deus quiser.
Paulo Jorge Lúcio, padre casado.
COMENTÁRIOS