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Alegre,30/04/2025

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Conceição Evaristo recebe título de Doutora Honoris Causa pela Ufes em noite histórica e emocionante

Homenagem à escritora marca reconhecimento da luta e da potência das vozes negras na educação e na literatura.

Ufes
Conceição Evaristo recebe título de Doutora Honoris Causa pela Ufes em noite histórica e emocionante Ufes

Em uma cerimônia marcada por emoção, reconhecimento e representatividade, a escritora, linguista e professora Conceição Evaristo foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A solenidade foi realizada na noite de terça-feira (15), no Teatro Universitário, em Vitória, e reuniu centenas de pessoas — entre estudantes, docentes, autoridades políticas e representantes do movimento negro e de organizações sociais — que ovacionaram a homenageada.

A sessão solene teve início com uma apresentação do coral do Instituto Serenata d'Favela, que emocionou o público ao interpretar a música Canção Infantil, de Cesar MC. A cerimônia foi presidida pelo reitor Eustáquio de Castro e contou com a presença da vice-reitora Sônia Lopes, do presidente do Conselho de Curadores, professor Robson Zuccolotto, e da professora Rita Lima, representando a comissão proponente do título.

A homenagem foi proposta pelo Departamento de Serviço Social em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Ufes, com adesão de diversas entidades do movimento negro. Durante a cerimônia, as professoras Luizane Guedes e Maria Helena Elpídio apresentaram a trajetória da homenageada e reforçaram o impacto de sua produção literária e acadêmica na luta antirracista.

Em seu discurso, Conceição Evaristo, aos 78 anos, fez questão de compartilhar o reconhecimento com os jovens do Instituto Serenata d'Favela: “Nós, mais velhos, oferecemos a essas crianças um bastão, para eles irem adiante. E falamos que elas começam a luta a partir de um lugar que, no nosso tempo, na nossa infância, não nos foi dado”. A escritora destacou a força da juventude negra e a importância da arte como ferramenta de resistência: “Apesar de todas as dificuldades, temos uma geração potente”.

A criadora do conceito de escrevivência, que define uma escrita baseada em vivências pessoais e coletivas de mulheres negras, reafirmou sua esperança no futuro do Brasil. “Mesmo com todos os percalços que nós temos vivido, eu acho que o Brasil tem jeito”, declarou. “Esse título certifica para mim que a educação é um lugar de transformação”.

Ao final da solenidade, o reitor Eustáquio de Castro reforçou o papel da Ufes no combate às desigualdades e na valorização de outras epistemologias. “Ao reconhecê-la, esta universidade também se reconhece. Reconhece a urgência de escutar outras vozes, de valorizar o que foi silenciado por tanto tempo. Sua escrevivência é testemunho e potência de mudança”, afirmou.

A noite foi encerrada com homenagens de alunas, professoras, representantes do Movimento Negro, do Centro Acadêmico de Ciências Sociais — que leva o nome de Conceição Evaristo —, da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), do Neab e da curadora Marilene Pereira, que presenteou a escritora com um quadro com sua imagem.

A concessão do título reafirma o compromisso da universidade com a inclusão e a justiça social, destacando, além das ações afirmativas já existentes, a recente aprovação de vagas obrigatórias para indígenas em todos os cursos de graduação.

“Que esse reconhecimento seja também um chamado para que mais pessoas negras sejam valorizadas em suas potências e qualidades”, finalizou Evaristo, sob aplausos.




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