PAULO JORGE LÚCIO
A EUCARISTIA, MISTÉRIO DA FÉ - Parte 5
Chegamos na parte do Ritual da Missa.

Creio que já temos uma boa base bíblica sobre a Eucaristia, Mistério da Fé, para mergulharmos por inteiro no ritual da Missa, buscando compreender aquilo que fazemos aos Domingos, chamado de "Dies Domine", que, traduzido do latim, significa "Dia do Senhor".
Por que vamos à Missa aos Domingos, se, no Antigo Testamento, Deus mandou que o povo guardasse o Sábado? (cf. Ex 35, 2: "Seis dias trabalharás, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao Senhor...").
O objetivo desta série de REFLEXÕES ESPIRITUAIS é exatamente tirar possíveis dúvidas que as pessoas possam ter a respeito de coisas importantes concernentes à Fé.
De fato, no Antigo Testamento, como acabamos de ver, Deus ordenou por meio de Moisés que o povo guardasse e santificasse o sábado. Porém, o Domingo, o primeiro dia da semana, para nós cristãos tem a marca especialíssima de ser o dia da ressurreição do Senhor Jesus (cf. Mt 28, 1-10; Mc 16, 1-8; Lc 24, 1-10; Jo 20, 1-18).
Alguns textos do Novo Testamento informam que os cristãos se reuniam no Domingo para a celebração eucaristica, por exemplo, Atos 20, 7-12: "E, no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão...".
Sobre a importância e a dignidade da Celebração Eucarística, da qual participamos especialmente aos domingos, vale a pena recordar alguns pontos, a saber:
A Celebração Eucarística, ou Missa, é uma ação de Cristo e do povo de Deus. É o centro da vida cristã, tanto considerando a Igreja no seu conjunto, quanto da vida individual de cada fiel. Ela é o ápice do culto que a Igreja oferece ao Pai, por meio do Filho, pela ação do Espírito Santo, e por ela Deus santifica o mundo. De tal modo isto ocorre que todas as ações da atividade humana estão intrinsecamente ligadas e relacionadas com o culto da Celebração Eucarística, e por ela e nela nossas ações devem estar ordenadas.
A celebração da Missa ou Ceia do Senhor deve ser de tal modo que o ministro que a preside, tanto quanto os fiéis que dela participam, cada qual segundo a sua condição, recebam todos os frutos que Cristo, ao instituir este Sacramento em sua memória, quis dar a cada um quando disse "fazei isto em minha memória".
A qual memória Cristo se referia, quando disse isto? Evidentemente que Jesus se referia à memória do seu sacrifício da cruz, de sua morte por nós, e de sua ressurreição. Era a esta memória que o Senhor se referiu, ao tomar o pão e dizer: "Isto é o meu corpo que por vós é dado", e tomou o cálice dizendo "tomai-o e reparti-o entre vós, pois este é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22, 15-20).
Portanto, a memória que celebramos na Eucaristia do Senhor é o seu sacrifício da cruz, sua morte e gloriosa ressurreição. O sacrifício eucarístico do Corpo e Sangue do Senhor é o memorial de sua Paixão e Ressurreição.
Isto está dito de modo claro pelo Apóstolo são Paulo (1 Cor 11, 26-29): "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se cada um a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para a sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor".
A participação consciente dos fiéis na Eucaristia, o memorial do sacrifício do corpo e sangue do Senhor, tem que ser animada e envolvida pela fé, o amor e a esperança, a saber: nossa participação tem que ser embasada pela fé, pois foi o Senhor que disse "fazei isto em minha memória"; é preciso crer firmente nisso; embasado pelo amor e o desejo de realizar o seu mandamento "amai-vos como eu vos amei"; e embasado pela esperança da vida eterna: "quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia, porque a minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue verdadeiramente bebida; quem de mim se alimenta permanece em mim e eu nele, e viverá por mim" (cf. Jo 6, 54-57).
Os elementos "pão e vinho" usados por Jesus na Última Ceia, nos mostram que, assim como o alimento material nutre o nosso corpo físico, e sem ele não podemos viver, Jesus quis exprimir que a nossa vida espiritual, a nossa subsistência eterna, depende de nossa fé na realidade deste alimento espiritual, como Ele próprio afirmou: "Eu sou o pão vivo descido do céu, o pão que dá vida ao mundo, para que todo o que dele comer não morra" (cf. Jo 6, 48-51).
Na próxima REFLEXÃO ESPIRITUAL seguiremos abordando o ritual da Missa.
Até lá, se Deus quiser.
Paulo Jorge Lúcio, padre casado.
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