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Alegre,30/04/2025

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PAULO JORGE LÚCIO

A EUCARISTIA, MISTÉRIO DA FÉ - Parte 4

Diversas vezes o Apóstolo são Paulo usa a expressão:


A EUCARISTIA, MISTÉRIO DA FÉ - Parte 4

Em nossas reflexões passadas vimos diversos textos biblicos que fundamentam a Eucaristia como a principal e mais importante celebração litúrgica da Igreja, que, através dos séculos, segue cumprindo aquilo que Jesus ordenou na Última Ceia: "Fazei isto em minha memória" (Lucas 22, 17-20).

Em nossa última reflexão procurei mostrar-lhes como os cristãos dos primórdios da Igreja cumpriam esta ordem do Senhor, "partindo o pão pelas casas" (cf. Atos 2, 42-46). A Igreja funcionava nas casas de família. Este modo de falar primitivo, como consta nas Bíblias sagradas - "partir o pão pelas casas" - era a maneira como os primeiros cristãos se referiam à celebração da Eucaristia do Senhor. É, portanto, uma linguagem eucaristica. 

Vimos também, em nossa última reflexão, que o próprio Apóstolo são Paulo, em 1 Cor 11, 20-29 deixou registrado nesse texto do Novo Testamento, o modo como a Igreja primitiva se reunia nas casas de familia para celebrar a Eucaristia do Senhor.

Diversas vezes o Apóstolo são Paulo usa a expressão: "Saudai a Igreja que está em sua casa" quando se refere aos cristãos que se reuniam nas casas de família (p. ex. Romanos 16; Filemon 2).

Em outro texto, Atos 20, 7-12, o mesmo Apóstolo são Paulo diz que "ajuntando-se os discípulos para partir o pão", já era noite, e o Apóstolo tendo se alongado no sermão, um moço, que estava sentado à janela, no terceiro andar da casa, cochilou e caiu do prédio, tendo morte instantânea. O Apóstolo desceu e constatou o óbito do rapaz, mas consolou a todos, abraçou o moço e o ressuscitou. Depois, "subiu novamente, partiu o pão e comeu com eles, e ainda lhes falou largamente até a alvorada, e depois partiu".

Este era o costume da Igreja primitiva, porque ainda não haviam construido templos para abrigar tantas pessoas. Além disso, em muitos lugares os cristãos eram perseguidos e mortos. Em Roma, por exemplo, a Igreja se refugiava nas catacumbas subterrâneas, que existem lá até hoje, como uma prova histórica de como tudo aconteceu; túneis imensos, onde os cristãos se escondiam para ouvir o Evangelho e rezar, inclusive para fazer a principal e mais importante das orações, a Eucaristia, conforme o Senhor ordenou. Ainda em Roma os cristãos denunciados eram pegos, amarrados e queimados vivos, nos postes para iluminar os jardins do imperador Nero, a mando desse imperador. 

Milhares de cristãos foram martirizados no Coliseu romano, um grande estádio cujas ruínas ainda estão lá em Roma, como ponto turístico daquele tempo, onde os cristãos eram colocados vivos, dentro dessa arena, para serem comidos por leões famintos que os devoravam. 

Só mais tarde, no ano 312/313, com o Edito de Milão, assinado pelo imperador Constantino, os cristãos foram beneficiados em poderem praticar o culto cristão e as celebrações litúrgicas livremente. Então puderam sair das catacumbas sem medo de serem denunciados, presos e mortos. No ano 380 o imperador Teodósio, através do Edito de Tessalônica, transformou o cristianismo na religião oficial do Império Romano. Na Roma antiga até então havia um politeísmo de cultos pagãos a diversos deuses, a partir do ano 380 o cristianismo passa a ser oficialmente a religião imperial.

Particularmente, baseado em muitos bons historiadores, penso que o Edito de Tessalônica, que transformou o cristianismo na religião oficial do Império, perseguindo as demais religiões por força de uma lei imperial, neste aspecto não foi bom para a Igreja: primeiro porque ninguém abraça e professa a fé na marra, por força de um decreto; em segundo lugar, porque, com toda essa vantagem da lei imperial a seu favor, a Igreja, que antes era perseguida e se escondia nas catacumbas para orar e celebrar sua liturgia, a partir daí adentrou os palácios imperiais e assumiu os privilégios de ter se tornado a religião oficial do Império: os clérigos, até então pessoas comuns, passaram a usar roupas e vestes coloridas e muitos títulos da nobreza (não biblicos) comuns da aristocracia e do senado romano. As vestes e títulos foram incorporados pelos altos dignitários da Igreja, e por eles são usados até hoje, como, por exemplo, o colorido das batinas, os titulos de cardeal, as insígnias episcopais e do Papa, que são indicativos do grau hierárquico de cada um. Particularmente sou de opinião que vestes, títulos e insignias, brasões, etc. não fazem bem algum para quem é ministro da Igreja, cuja função é tão somente a de servir aos outros, como disse Jesus: "Não seja assim entre vós... mas aquele de vós que for o maior, seja como o menor e o que serve a todos" (Lucas 22, 24-26). 

Jesus e os Apóstolos não tinham títulos de nobreza, e vestiam roupas comuns, como todas as pessoas. Na minha opinião, títulos e vestes, assim como a proibição dos padres poderem casar e ter esposa e filhos, uma lei canônica medieval criada pela Igreja no século XII (ano 1139), que se choca profundamente com as recomendações bíblicas para que os ministros sejam casados, bons maridos e bons pais (cf. 1 Timóteo 3, 1-5; Tito 1, 5-7), só contribui para alimentar a doença do clericalismo, uma anomalia que cria uma elite sacerdotal distinta e acima dos simples fiéis batizados, sempre considerados como cristãos subalternos, de segunda categoria. Isto é clericalismo, que não combina com a prática de Jesus e com o evangelho.

Continuaremos na próxima reflexão, se Deus quiser.

Sou Paulo Jorge Lúcio, padre casado.



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