Um retrato alarmante sobre a realidade da educação básica no Brasil foi revelado por meio dos microdados do Censo Escolar, divulgado recentemente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De acordo com o levantamento, 114.496 escolas brasileiras não possuem biblioteca, o que representa 63,2% do total de instituições de ensino do país. A falta de acesso a esse recurso essencial compromete diretamente o incentivo à leitura e o desenvolvimento pedagógico dos alunos.

Além da ausência de bibliotecas, o estudo aponta sérias deficiências no acesso à internet. Em 58,5% das escolas (mais de 105 mil unidades), os alunos não têm acesso à rede, dificultando o uso de ferramentas digitais para complementar o aprendizado. Em cerca de 7,9% das escolas (14.294 unidades), a internet está disponível apenas para fins administrativos, ou seja, sem uso direto pelos estudantes.

Outro dado preocupante envolve a estrutura de informática. Em 70,4% das escolas (127 mil unidades), não há laboratório de informática, e o acesso dos estudantes às tecnologias digitais se mostra restrito. Mesmo fora do ambiente de laboratório, a presença de computadores é limitada: 53,5% das escolas afirmaram não dispor de computadores de mesa para uso dos alunos, e 57% não entregam dispositivos portáteis, como notebooks ou tablets, aos estudantes.

O Inep esclarece que, para cada item avaliado (água potável, energia, bibliotecas, internet, informática), são feitas diversas perguntas, e os percentuais não devem ser somados. Ainda assim, os dados revelam um cenário que exige atenção urgente das autoridades públicas e da sociedade, especialmente diante da importância de garantir infraestrutura mínima para uma educação de qualidade.

A divulgação desses dados reforça o debate sobre os desafios estruturais da educação no Brasil e a necessidade de políticas públicas efetivas para assegurar condições adequadas de ensino e aprendizagem em todo o país.